Segundo candidato a governador mais votado nestas eleições - perdendo apenas para o companheiro de PSB, Eduardo Campos, em Pernambuco -, Renato Casagrande cita sua biografia política para justificar o resultado contundente nas urnas. Com 82,36% dos votos válidos, o futuro chefe do Executivo do Espírito Santo também reconhece o valor estratégico das alianças travadas na campanha, incluindo a costura feita com o PT, do popular presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
E os números sugerem que o tiro foi certeiro. O PSB elegeu dois senadores e sete deputados federais a mais do que em 2006. Nos executivos estaduais, conseguiu três cadeiras e disputa outros três governos no segundo turno.
No início do ano, o partido viveu um dilema: abrir mão da disputa presidencial e concentrar forças nos projetos regionais ou lançar o deputado Ciro Gomes na corrida para o Palácio do Planalto, contrariando o desejo de Lula, que não via com bons olhos mais de uma candidatura na base aliada ao governo. A decisão de focar em Dilma Rousseff desagradou Ciro, que, na época, esbravejou. Mas a mágoa foi superada. O deputado, que no final de julho chegou a pedir votos para a petista, reforça, no segundo turno, a campanha de Dilma. Na última terça-feira (5), confirmou que participará da coordenação.
- Ciro é uma pessoa grandiosa no seu espírito político e passa por cima das dificuldades, apesar de ser uma pessoa muito esquentada. Ao mesmo tempo, é uma pessoa que tem o coração aberto e esse ato demonstrou isso - elogiou Casagrande, afirmando ainda que o deputado irá "oxigenar a coordenação da campanha de Dilma".
Indagado se os resultados pós-eleições mostraram que foi acertada a escolha de sacrificar a candidatura de Ciro, o governador eleito tangencia, evitando a saia justa:
- O partido, na visão do quadro nacional, compreendeu que a forma mais adequada de crescer e de se posicionar nacionalmente seria fortalecer os projetos estaduais. E foi essa a opção, uma opção que se apresentou correta. Agora é difícil avaliar se essa opção é melhor do que a outra, porque a outra, não executamos. Então, não dá para fazer comparação.
Confira a entrevista.
Terra Magazine - A que o senhor atribui um desempenho tão expressivo nas urnas como o seu?
Renato Casagrande - Atribuo, primeiro, à minha história política. Os resultados que tenho obtido nos meus mandatos, a coerência, a transparência... A eleição é uma forma de coroar sua história, porque, em três meses apenas, você não consegue tanta confiança do povo, como eu obtive.
Atribuo também à aliança que fiz. Aliança, primeiro, com a sociedade, antes de fazer com os partidos. Criei uma expectativa de candidatura aprovada pela sociedade, depois, consegui uma aliança com uma frente ampla de partidos políticos. Tive o apoio do governador Paulo Hartung (PSB), que foi importante. A aliança que eu fiz com Ricardo Ferraço (peemedebista eleito para o Senado), que teve a candidatura incentivada pelo governador Paulo Hartung. Isso energizou mais a minha candidatura. É um conjunto de fatores que fez com que a proposta que eu apresentei na campanha tivesse tanta aprovação.
O senhor destacou a questão das alianças. O senhor considera que a aliança com o PT fez o PSB ganhar espaço no cenário político, sobretudo, no Executivo. O partido conseguiu eleger três governadores...
E disputa mais três governadores no segundo turno. Vamos chegar a cinco, seis governadores. Acho que a aliança com o governo federal foi importante, porque o Lula é um presidente muito aprovado, mas também acho que teve a mesma importância a história de cada um de nós, a forma como o partido articulou nacionalmente nossa participação, a capacidade que os candidatos tiveram de fazer alianças nos seus Estados, a eficiência dos mandatos que nós exercemos.
Todos que se elegeram, no caso do Cid Gomes e do Eduardo Campos, tentaram a reeleição, então, colocaram em xeque o resultado dos seus mandatos. No meu caso, foram os mandatos no Senado, como deputado federal, os outros mandatos que exerci.
Então, a eficiência dos mandatos, a capacidade de diálogo, o equilíbrio para dialogar com forças divergentes são os fatores que nos colocam numa posição de destaque com um resultado tão expressivo como esse, que obtivemos.
Diante desse resultado expressivo que o senhor mencionou, é seguro falar que o PSB acertou em não lançar um candidato à presidência da República?
Na visão dos projetos estaduais, sim. O PSB tinha duas alternativas: ou daria prioridade a um posicionamento nacional, com debate político, com propostas em nível nacional, que também é um caminho para o crescimento partidário. Ou o partido daria prioridade a seus projetos regionais.
O partido, na visão do quadro nacional, compreendeu que a forma mais adequada de crescer e de se posicionar nacionalmente seria fortalecer os projetos estaduais. E foi essa a opção, uma opção que se apresentou correta. Agora é difícil avaliar se essa opção é melhor do que a outra, porque a outra, não executamos. Então, não dá para fazer comparação.
Os governadores da base aliada se reuniram nesta semana com o presidente Lula para traçar estratégias da campanha de Dilma Rousseff no segundo turno. O que foi definido?
Estamos participando do processo. Já estou trabalhando, produzindo resultados para fortalecer a candidatura da Dilma aqui, no Estado.
E quais foram as solicitações do presidente Lula?
O pedido de apoio dos candidatos, e estamos trabalhando.
Alguma estratégia traçada?
Não tem estratégia. É trabalho. É campanha normal. Conversar com lideranças.
Falando em campanha, neste segundo turno, Ciro Gomes vai atuar na coordenação da campanha da Dilma.
A coordenação da campanha da Dilma precisa ser ampliada. A entrada do Ciro democratiza a coordenação da campanha, oxigena.
O senhor acha que a participação dele na coordenação coloca uma pá de cal naquele entrevero de meses atrás?
Coloca. Sem dúvida. Ciro é uma pessoa grandiosa no seu espírito político e passa por cima das dificuldades, apesar de ser uma pessoa muito esquentada. Ao mesmo tempo, é uma pessoa que tem o coração aberto e esse ato demonstrou isso.
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