quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Universalização do ensino fundamental só em cinco anos


Jornal do Commércio


Universalização do ensino fundamental só em cinco anos
Estudo realizado pelo Ipea com números do IBGE mostra que o Brasil está ainda longe de garantir esse direito constitucional a todos os seus jovens
BRASÍLIA – O Brasil ainda vai precisar de cinco anos para conseguir cumprir a determinação da Constituição de garantir o ensino fundamental à população, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que analisou dados recém-divulgados do IBGE. O prazo será muito maior para a camada de brasileiros com mais de 30 anos, pobre, negra e rural.
O levantamento mostra ainda que a Região Sudeste é a única que já atingiu os oito anos obrigatórios de estudos, na média de seus moradores. No Nordeste, os alunos de 15 anos ou mais têm apenas 6,2 anos de educação, enquanto nas áreas rurais, a média não passa de 4,6 anos na escola. Seguir o caminho até a universidade é ainda mais difícil. Poucos brasileiros conseguem.
“Está claro que o problema da educação, principalmente o analfabetismo, no Brasil tem endereço e confirma a exclusão histórica brasileira. Para levar o Brasil ao mesmo nível de países como Chile e Argentina, é preciso resolver o gargalo do analfabetismo e também ampliar o ensino superior. Na velocidade em que vamos, ainda vai levar muito tempo”, disse o diretor de Estudos Sociais do Ipea, Jorge Abrahão.
Embora a taxa nacional de analfabetismo tenha sido de 10% em 2008, no Sudeste foi de 5,8% e no Nordeste, de 19,4%. Nas áreas rurais, o analfabetismo chega a 23,5%, contra 4,3% nas regiões urbanas. A taxa entre os negros é de 13,6%, mais do que o dobro do percentual identificado entre a população branca. A camada da população com mais de 40 anos tem um índice de analfabetismo de 16,9%.
O estudo também mostra que entre os 20% mais ricos da população, apenas 1,9% são analfabetos. Mas essa não é a realidade dos 20% mais pobres, entre os quais a taxa de analfabetismo é de 19%.
Segundo Abrahão, existem 50 milhões de vagas no ensino médio, o que não é pouco, mas é preciso ampliar a educação básica e melhorar sua qualidade. O problema mais grave, segundo ele, é o analfabetismo entre adultos.
“Significa que determinada faixa etária não teve acesso aos bancos escolares no momento adequado. Isso deveria ser tratado como uma preocupação nacional pelos três níveis de governo.”
Na última segunda-feira, o economista Flávio Comim, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), divulgou o relatório anual de desenvolvimento humano e também alertou: “Pobreza não é apenas renda. A educação é mais determinante do que a renda”.

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