quinta-feira, 22 de abril de 2010

Ciro e a sucessão presidencial



A possibilidade de Ciro Gomes (PSB) disputar a presidência da República pelo PSB é altamente incerta. Diante dessa mesma percepção, ele escreveu duro artigo criticando seu próprio partido e a aliança PT-PMDB.
A realidade é que a candidatura de Ciro perdeu consistência quando o bloco formado por PDT, PCdoB e PSB implodiu. As duas primeiras legendas decidiram apoiar a candidatura de Dilma Rousseff (PT) ao Planalto atendendo apelo do próprio presidente Lula.
Outro aspecto que inviabilizou Ciro Gomes foi o fato de ele ter ficado estagnado nas pesquisas, com cerca de 10% das intenções de voto, enquanto Dilma cresceu impulsionada pelo apoio do presidente e popularidade do Governo. De acordo com última pesquisa Datafolha, Ciro perdeu o terceiro lugar nas pesquisas para Marina Silva (PV), o que enfraquece ainda mais a tese de candidatura própria no PSB.
Além disso, no momento atual, uma tendência de polarização entre Dilma e Serra parece inexorável. Ambos monopolizam as atenções e os demais candidatos surgem como coadjuvantes sem brilho. E pior: sem máquina eleitoral.
A realidade da política é dura. Uma candidatura presidencial competitiva é feita de muitos ingredientes. Muito mais do que a vontade de ser candidato e algum prestígio nas pesquisas. Para manter-se viável como candidato, Ciro tem que ampliar suas articulações e, sobretudo, convencer ao PSB que – no mínimo – a sua candidatura é boa para fortalecer o partido nas articulações de 2011.
Sozinho, Ciro teria pouco tempo de televisão, estrutura partidária limitada e acesso restrito a recursos financeiros para sua campanha. Ou seja, uma candidatura com incertas chances de sucesso. No limite, Ciro está ficando emparedado entre os compromissos do PSB com Lula e o seu projeto pessoal.
Ciro Gomes, como era de se esperar, resiste em desistir de ser candidato a presidente. E ele não está sozinho. Em São Paulo, o PSB local lançou movimento a favor de sua candidatura. Sem Ciro na disputa, a candidatura de Paulo Skaf ao governo paulista perde densidade.
Apesar de seu inegável valor como político, Ciro nunca conseguiu expandir – de forma consistente – suas bases de apoio para ser um candidato viável. Além da personalidade forte e do recall nas pesquisas por conta das eleições presidenciais que disputou (1998 e 2002), sua candidatura carece de suporte em outras áreas da sociedade. Mesmo que não seja, parece ser um projeto personalista.
No momento, o cardápio de opções para Ciro está se reduzindo. Não sendo candidato a presidente, ele concorre como deputado federal por São Paulo ou não será candidato a qualquer cargo eletivo. Para alguns, dado o seu desencanto, a segunda opção hoje parece a mais provável. É uma pena. Ciro seria um grande candidato e animaria muito a campanha com sua retórica poderosa.

Murillo de Aragão é cientista político

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